1º de maio e greve geral nas ruas e nas trincheiras

A Agenda Assistente Social 2017, lançada ainda em 2016, já indicava qual seria o fio condutor das ações da categoria neste ano: o Serviço Social nas ruas e nas trincheiras! E a campanha do Dia do/a Assistente Social deste ano destaca: em luta de classes não há empate.

Pois foi o que se viu na última sexta (28), na greve geral que parou o país, e o que se viu ontem, nas mobilizações de 1º de maio, Dia Mundial do Trabalhador e da Trabalhadora: assistentes sociais se manifestando contra a regressão de direitos da classe trabalhadora.

Como diria o cantor cearense Belchior, que morreu no último domingo (30), aos 70 anos: “eu sou como você que me ouve agora. Eu sou como você!”.

Na sexta, segundo as centrais sindicais, foram 38 milhões de pessoas que aderiram à Greve Geral, e que paralisou diversos setores, públicos e privados, em todos os estados brasileiros.

Não só o funcionalismo público, mas também setores como transportes (rodoviários, metroviários e aeroviários), comerciários, metalúrgicos, bancários, correios e muitos outros pararam geral, para dizer não à ‘reforma’ da Previdência Social, não à ‘reforma’ trabalhista, não à retirada dos direitos da classe trabalhadora.

Assistentes sociais cruzaram os braços e participaram das mobilizações e manifestações que ocorreram por todo o país, inclusive nas que terminaram com agressão e violência policial, vitimando vários trabalhadores e trabalhadoras do país.

Em Brasília (DF), o governo ilegítimo de Michel Temer (PMDB), com medo da revolta popular, já havia preparado um forte aparato de repressão policial durante a semana, com soldados armados com bombas de gás lacrimogênio, tropa de choque, cavalaria, revistas pessoais, além do fechamento da Esplanada dos Ministérios.

Mesmo assim, houve manifestação em frente ao Congresso Nacional, e os/as conselheiros/as do CFESS participaram do ato e distribuíram cartazes e adesivos da campanha do Dia do/a Assistente Social este ano, lembrando que ‘na luta de classes não há empate”! O impacto da Greve Geral na capital do Brasil foi visível, já que o transporte parou, assim como parte do comércio.

Para a conselheira do CFESS, Erlenia Sobral, os atos de rua no dia da Greve Geral, demonstraram a força, a pressão e disposição da classe trabalhadora em reagir ao desmonte de direitos historicamente conquistados. “O dia 28 de abril vai ficar na história do país como uma grande mobilização de luta em que a classe trabalhadora expressa seu protagonismo das lutas sociais no Brasil e a necessidade de resistência aos atuais ataques do governo golpista de Temer”.

Já em outras cidades, como Rio de Janeiro, São Paulo, Fortaleza, Recife, Macapá, entre outras, a Greve Geral resultou em grandes mobilizações, com milhares de participantes.

A resposta do Estado, como sempre, foi a violência descabida e desproporcional para cima de manifestantes. No Rio de Janeiro (RJ), a PM foi responsável por transformar a Cinelândia, região central da cidade, em um cenário de guerra.

Ainda que alguns casos de violência tenham sido noticiados pela mídia, como o do estudante de Ciências Sociais da Universidade Federal de Goiânia (UFG) Mateus Ferreira, de 33 anos, que está internado em estado grave no Hospital de Urgências de Goiânia, depois de ser atingido por um golpe brutal de cassetete de um policial militar no rosto, durante o protesto na cidade, outras centenas de violências foram silenciadas pela imprensa, como o da assistente social do INSS de Macapá (AP) Alessandra Dias, que foi atingida pelas bombas da polícia truculenta do Rio de Janeiro (RJ).

A violência sofrida por quem participou das manifestações da Greve Geral é a expressão de como os governos como o de Pezão e Temer, utilizando-se do aparato policial, atuam para reprimir a classe trabalhadora e criminalizar as ações organizadas de manifestação da classe e dos movimentos sociais.

Como Belchior cantaria: “e eu quero é que esse canto torto, feito faca, corte a carne de vocês!”.

O CFESS expressa sua solidariedade à companheira Alessandra e a todos/as trabalhadores/as, militantes de movimentos sociais, sindicais e populares duramente reprimidos/as em todo o Brasil.

Mas nada foi capaz de acabar com a indignação e insatisfação da classe trabalhadora, cada vez mais massacrada pelo desemprego, pelas condições precárias de trabalho, pela falta de políticas públicas. Trabalhadores e trabalhadoras ainda estão muitos vivos, unidos e cada vez mais mobilizados para esta luta. Porque, nas palavras de Belchior, “mas ando mesmo descontente, desesperadamente, eu grito em português”!

A Greve Geral reforçou também a condição de classe trabalhadora da categoria de assistente social, levando os debates para além de questões corporativas do Serviço Social.

Nesse sentido, a conselheira do CFESS Josiane Soares destaca: “neste 1º de maio, Dia Mundial do Trabalhador/a, fazemos um chamado a todos/as trabalhadores/as que continuem em mobilização, seja nas ruas, nas escolas, nos bairros, nas universidades, nas fábricas e em todo canto do país contra as ofensivas desferidas pelo governo ilegítimo de Temer, representante genuíno do grande capital”.

E se poesia de Belchior diz que “amar e mudar as coisas me interessa mais”, é preciso continuar nas ruas e nas trincheiras, em defesa dos direitos da classe trabalhadora.

Ainda na avaliação da conselheira do CFESS, a Greve Geral do dia 28 de abril foi “absolutamente vitoriosa, apesar da grande repressão, e que devemos continuar atentas/os e fortes para este dia 1º de maio. Por isso, reforçamos o chamamento feito pelas centrais sindicais de construirmos e participarmos de vários atos e manifestações de protesto contra os ataques desferidos contra a Constituição Federal de 1988 e as garantias sociais e trabalhistas ameaçadas pela ‘flexibilização’ da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) e pela ‘reforma’ da Previdência”, finaliza Josiane Soares.

Para finalizar, mais uma homenagem ao grande artista, cantor e poeta cearense Belchior: “e a certeza de que tenho coisas novas, coisas novas pra dizer”.

*Fonte: CFESS

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