Em alusão ao Dia Internacional da Síndrome de Down, 21/03, o #CRESSEntrevisa a assistente social Eliane Reis sobre a atuação profissional, o atendimento a estas pessoas e suas famílias e a importância da garantia de direitos fundamentais para a autonomia e sociabilização.
Eliane é especialista em Assistência Sociojurídica e Segurança Pública e atualmente trabalha na área da Assistência Social, coordenando o Centro Dia de Referência para Pessoas com Deficiência, em Natal.
“Quando pensamos em inclusão, não só para pessoas com Síndrome de Down, mas com deficiência, é essencial fundamentá-la em uma filosofia que reconheça, respeite e valorize a diversidade como característica inerente à sua constituição”, diz a profissional.
Confira a entrevista:
CR: Quais os principais desafios do trabalho da/do assistente social com a pessoa com síndrome de down na atual conjuntura?
ER: Trabalhar a inclusão social e a autonomia, através de ações que possibilitem à/ao usuária/o e sua família ou responsável se reconhecerem como sujeitos de direitos e protagonistas de suas histórias. Isto pode acontecer pelo estímulo por parte das/os profissionais e incentivo da família.
A inclusão social é prevista na Lei 13.146/2015 (Lei Brasileira da Pessoa com Deficiência/Estatuto da Pessoa com Deficiência), criada com o objetivo de garantir e propor condições de igualdade, visando a cidadania.
Quando pensamos em inclusão social, não só para pessoas com Síndrome de Down, mas com deficiência, é essencial fundamentá-la em uma filosofia que reconheça, respeite e valorize as diversidades como características inerentes à sua constituição.
CR: Como acontece este atendimento no Centro Dia?
ER: O Centro Dia tem uma equipe interdisciplinar composta por assistentes sociais, psicólogas/os, terapeuta ocupacional, educadoras/es, orientador/a social e cuidadoras/es. O atendimento acontece por meio de acompanhamento familiar; atendimento individual e interdisciplinar; orientação social individual ou familiar; visita domiciliar; desenvolvimento e execução do Plano Individual de Atendimento (PIA); fortalecimento de vínculos e articulação intersetorial e com a rede sociassistencial, bem como com as demais políticas públicas destinadas à garantia de direitos.
O Centro Dia é um serviço especializado para pessoas com deficiência, vinculado à Secretaria Municipal de Trabalho e Assistência Social (SEMTAS), por meio do Departamento de Proteção Social Especial de Média Complexidade. Destina-se a adultos de 18 a 59 anos com deficiência e suas famílias, em situação de vulnerabilidade social, dependência, residentes no Município de Natal e prioritariamente beneficiárias/os do BPC.
Permite que a/o usuária/ao e suas famílias tenham acesso aos direitos socioassistencias, buscando reduzir e prevenir situações de isolamento social, e acolhimento institucional, objetivando diminuir a sobrecarga do/a cuidador/a familiar. Oferta, durante o dia, cuidados pessoais às/aos usuárias/os em situação de dependência, como forma de suplementar o trabalho do/a cuidador/a familiar. Oferece, ainda, atividades internas (oficinas socioeducativas) e externas (passeios), ampliando as relações sociais.
CR: Você acha que temos muitos avanços com relação ao preconceito, à luta anticapacistista e à integração das pessoas com Síndrome de Down na sociedade?
ER: Nas últimas décadas, ocorreram muitas quebras de paradigmas. Hoje, a família e a sociedade entendem com mais facilidade que a pessoa com Síndrome de Down tem total condição de ser autônoma, se estimulada desde a infância. Temos inúmeros exemplos de pessoas alfabetizadas, namorando, morando sozinhas, trabalhando etc. A Síndrome de Down não é uma doença incapacitante, mas uma condição genética causada pela presença de três cromossomos 21 em vez de dois.
A Lei 13.145/15 é um avanço; o próprio dia 21 de março também. A data traz uma reflexão e conscientização para a população sobre a importância e valorização da luta por uma sociedade mais justa e igualitária, com mais respeito, amor e sem preconceito. Também não podemos esquecer de citar o BPC, a inserção no Imposto de Renda, o Passe Livre interestadual.
No geral, o processo de garantias de direitos e inclusão social é longo, mas vem avançando de forma gradativa no decorrer dos últimos anos.
CR: Como acontece a atuação junto às famílias?
ER: Por meio do acompanhamento familiar; estudo de caso; orientação social quanto aos direitos das pessoas com deficiência e encaminhamentos para a rede sociassistencial e demais políticas públicas. Desta forma, a equipe interdisciplinar busca viabilizar o acesso à garantia dos direitos sociais.