CRESS Entrevista a Presidência sobre a Nova gestão

O CRESS Entrevista do mês de junho tem um formato diferente: com o objetivo de apresentar a nova gestão que foi empossada em maio para o triênio 2020-2023, conversamos com a presidenta Angely Cunha e a vice-presidenta Ana Lígia Alcindo.

Elas falaram sobre as prioridades da gestão “Da luta não me retiro: enfrento e resisto!”, os desafios de assumir a direção do Conselho em um contexto de pandemia e as principais ações pensadas para uma maior aproximação com a categoria.

Angely é mestra em Serviço Social pela UFPB; especialista em História das Revoluções e dos Movimentos Sociais e em Instrumentalidade do Serviço Social; assistente social na Secretaria de Saúde de Parnamirim (RN) e professora temporária no Departamento de Serviço Social da UFRN.

Ana Lígia é mestra em Serviço Social pela UFRN; especialista em Fundamentos e Competências Profissionais do Serviço Social; tem experiência no âmbito sócio-jurídico e atualmente trabalha também na na Secretaria de Saúde de Parnamirim (RN).

“É impossível falarmos do Serviço Social sem atrelarmos à natureza da sua atuação na luta social e à defesa intransigente de uma sociedade pautada nos princípios da igualdade e liberdade, da justiça social e das políticas públicas”, afirmam as conselheiras eleitas.

Confira a entrevista

CR: O que a gestão pensa como prioridade para o próximo triênio?

P: A gestão busca dar continuidade ao fortalecimento do conselho, tendo como direcionamento os princípios preconizados no nosso projeto ético-politico profissional, pensando no fortalecimento da luta social da classe trabalhadora. 

Assim, elencamos algumas prioridades para este triênio no tocante à formação profissional; orientações e fiscalizações; políticas sociais; ética e direitos humanos; comunicação; organização e transparência e trabalho e Serviço Social. Portanto, somaremos esforços para a construção de núcleos regionais de Serviço Social para fortalecer a interiorização; implantação do Portal da Transparência; fortalecimento da luta pelas 30 horas, piso salarial, inserção do Serviço Social na Educação e contribuição na elaboração de Planos de Cargos, Carreiras e Salários; defesa das condições de trabalho; construção de um acervo online com publicações científicas e relatos de experiência relacionados ao Serviço Social; novas edições do curso Ética em Movimento na perspectiva de fortalecer a interiorização; promoção de debates junto aos movimentos sociais em articulação com a Comissão de Comunicação, relacionados à temática de ética e direitos humanos; garantia de participação nos espaçoes de controle social em conjunto com os movimentos sociais e organizações sociais; desenvolvimento de ações junto à categoria na defesa das politicas sociais; emissão de documentos informativos relacionados à atuação profissional nas políticas sociais; contribuição na construção de planos de trabalho de assistentes sociais;  fortalecimento da Política de Fiscalização do CRESS-RN com cronograma semestral; realização de grupos temáticos e grupos de trabalho para a defesa das prerrogativas legais da profissão; monitoramento dos programas de residência e dos espaços sócio-ocupacionais para fortalecer uma política de prevenção; formulação de materiais informativos para orientar a categoria e a sociedade sobre atividades do Serviço Social; contribuição com a contrução do Fórum de Estágio e realização de ações relacionadas às residências multiprofissionais em saúde e ações de combate a cursos ilegais no estado, proporcionando espações de diálogos entre estudantes e profissionais.

Angely Cunha

CR: Quais os principais desafios de um início de gestão em contexto de pandemia?

P: Pensar em um contexto de pandemia e a atuação do Serviço Social no conselho é vislumbrar diversos desafios, tendo em vista que estamos vivenciando um agravamento das questões sociais causado por uma crise estrutural e sobretudo do acirramento das correlações de forças que perpassam os nossos espaços sócio-ocupacionais. 

Sendo assim, as violações das condições de trabalho têm sido atenuadas por este cenário de retração dos direitos sociais. Consequentemente, o conselho, enquanto uma entidade que fiscaliza e orienta o fazer profissional, precisa ser acionado e tomar as devidas providências para viabilizar o direito das/os profissionais que precisam encontrar as respostas para os seus questionamentos.  

Neste sentido, a gestão assume em um contexto repleto de provocações para pensarmos em estratégias para garantir informações às/aos assistentes sociais e manter as fiscalizações ativas para assegurar as condições éticas e técnicas nos locais de trabalho, porém resguardando conselheiras/os e funcionárias/os nas atividades que necessitam da atuação in loco com o uso de EPIs adequados.

Também é desafio os ataques que os conselhos vêm sofrendo nas instâncias legislativas, com a criação de projetos de leis voltados para o desmonte dos órgãos de representatividade das categorias. Por isso, reforçamos a importância dos conselhos na definição das atribuições e competências profissionais, considerando que em muitas situações as instituições não têm nitidez sobre o compromisso e função da profissão. 

Outro desafio tem sido o cumprimento das recomendações de instituições e órgãos empregadores sobre as orientações e resoluções referentes às condições de trabalho construídas coletivamente pelo conjunto CFESS-CRESS. Pensando nisso, estamos elaborando um material em formato de vídeo sobre a temática, tendo em vista o desconhecimento e uma distorção sobre as atribuições e competências das/os assistentes sociais. Também encaminharemos ofícios para todos os Municípios, órgãos e instituições no tocante às condições de trabalho. 

Outro desafio tem sido de ordem administrativa, devido à restruturação do processo de trabalho no interior do conselho pela via do atendimento remoto e o aumento exponencial das demandas voltadas para a fiscalização e orientação neste contexto, sobretudo a elaboração de materiais sobre o fazer profissional diante de uma situação de calamidade pública. 

Por fim, mas não menos importante, estamos sofrendo impactos financeiros em decorrência da alta taxa de inadimplência advindas do desemprego, dos baixos salários e dos vínculos de trabalho precários, bem como o próprio contexto que dificulta a realização das atividades-fim do conselho.

CR: Como pretendem aproximar ainda mais a categoria do Conselho?

P: A gestão adotou uma postura de aproximação da categoria desde a campanha, à medida em que realizamos visitas in loco, buscando compreender o contexto das/os profissionais, suas principais demandas, sugestões e críticas ao conselho, para construirmos juntas/os ações de melhorias para uma gestão democrática e plural. 

Levamos materiais de divulgação das nossas principais propostas e conversamos com as/os profissionais no intuito de explicar a importância da participação profissional no conselho, uma vez que é composto por conselheiras/os e profissionais de base, que trazem suas experiências para contribuir com inúmeras atividades realizadas nas comissões. 

Então, pretendemos construir os núcleos de interiorização para dialogar com as/os profissionais, abarcando o maior número de assistentes sociais, como também diversos canais para estabelecer a comunicação e respostas. Criamos grupos no WhatsApp com assistentes sociais do Rio Grande do Norte para trocarmos informações dos espaços, tirar dúvidas, expor nosso posicionamento político diante de algumas temáticas e facilitar o acionamento do conselho. 

Além disso, iremos estreitar as relações com a categoria por meio dos canais oficiais de comunicação do CRESS, como o site, Facebook e Instagram, que irão divulgar nossas ações no conselho e serão espaços para dialogarmos sempre. 

Dessa forma, nossa gestão busca dar visibilidade às/aos profissionais e enfatizar a importância das suas valiosas contribuições, tendo em vista que estão na linha de frente vivenciando todos os anseios das/os usuárias/os no embate contra os desmontes das políticas sociais.

Ana Lígia Alcindo

CR: Como vocês avaliam a militância em um conselho como o CRESS-RN, que tem sua atuação administrativa, mas também fortemente política, em virtude das bandeiras de luta históricas do Conjunto CFESS-CRESS?

P: É impossível falarmos do Serviço Social sem atrelarmos à natureza da sua atuação na luta social e à defesa intransigente de uma sociedade pautada nos princípios da igualdade e liberdade, da justiça social e das políticas públicas. 

Assim, ao lado das/os trabalhadoras/es e dos movimentos sociais, a categoria esteve presente e protagonizou algumas das principais lutas nas últimas décadas no Brasil. Mesmo diante das adversidades, as/os assistentes sociais seguem afirmando suas bandeiras de luta construídas pelo Conjunto CFES-CRESS ao longo dos anos. 

Então, partindo do pressuposto de que o conselho é construído por profissionais do Serviço Social, podemos inferir que a militância anda lado a lado com as nossas defesas nos espaços profissionais e sem dúvidas é fundamental para nos reconhecermos enquanto sujeitos sociais protagonistas das nossas próprias histórias, ao passo em que também reafirmamos as nossas proposições com um direcionamento crítico. 

Desse modo, endossamos a importância de o conselho atuar para além do administrativo, ultrapassando os muros institucionais e as meras burocracias, bem como uma visão fiscalizatória sem um atrelamento à dimensão pedagógica. Assim, a proposta é aproximar as/os profissionais para que tenham nitidez sobre o real papel de um conselho profissional. 

Buscamos conduzir o conselho a partir dos princípios que defendemos sobre democracia, mas também do trabalho com uma dimensão ontológica que precisa de planejamento e finalidade teleológica, da mesma maneira em que fortalecemos a construção de uma sociedade emancipatória cujas bandeiras de luta estão presentes no Conjunto CFESS-CRESS. 

Assim, nosso direcionamento parte do reconhecimento de que enquanto assistentes sociais somos classe trabalhadora, cujos direitos sociais são conquistados por meio da luta. Logo, a natureza administrativa do conselho está atrelada aos movimentos sociais e à luta da classe trabalhadora. 

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