“Negros são maioria no país, mas não nos espaços de poder”, diz Roseli Rocha

O Mês da/o Assistente Social teve sua programação encerrada em grande estilo, na quinta-feira (30), com um debate sobre racismo que contou com a assistente social Roseli Rocha, da Fiocruz. O “II Colóquio Feminismo Materialista e Marxismo: as lutas feministas e antirracistas e o Serviço Social” aconteceu no Setor V da UFRN, encerrando também a parceria deste ano com o Seminário de Pesquisa do CCSA.

“Este colóquio é um marco de resistência, tivemos um mês muito intenso”, afirmou a presidenta do CRESS/RN, Luana Soares, na mesa de abertura. “A campanha do Conjunto CFESS-CRESS, de combate ao racismo, é um convite para nossa categoria refletir sua atuação profissional”, disse.

“As demandas da população negra são as que trabalhamos cotidianamente, portanto precisamos falar sobre racismo”, continuou Luana. “Vivemos um aprofundamento das desigualdades, e sem dúvida as mulheres pretas sentem primeiro, a exemplo da Reforma da Previdência e da retirada do termo violência obstétrica dos documentos do Ministério da Saúde no Brasil”.

Em sua fala, a pesquisadora Roseli Rocha avaliou que, embora o racismo não seja uma questão nova, é um “ato de muita coragem” pautar o debate em um momento de conjuntura tão dura. “Este ano também celebramos os 40 anos do Congresso da Virada”, lembrou, sobre o Serviço Social estar sintonizado com as lutas do país.

Roseli destacou que os negros são maioria no país, mas não são maioria nos espaços de poder econômico, político e social. Estão mais encarcerados, são os mais pobres, são mais vítima de violências e violações. “Ingressam mais tardiamente nos espaços escolares”, acrescentou. “Naturalizamos tanto o racismo, que não o relacionamos com a nossa realidade imediata. Isso também interfere no nosso cotidiano profissional”.

Por fim, Roseli deixou algumas questões para reflexão: “Diante da conjuntura, como estamos enfrentando o racismo nos nossos espaços sócio-ocupacionais? De quais ferramentas temos nos apropriado para construir relações sustentáveis e perspectivas emancipatórias?”, questionou. “Como disse Angela Davis, não basta não ser racista, tem que ser antirracista”.

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