No próximo dia 25 de novembro, será realizada a aplicação do Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade), que avalia o rendimento de quem concluiu um curso de graduação, comparando o resultado em relação aos conteúdos programáticos, habilidades e competências adquiridas na formação. O Enade integra o Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior (Sinaes), que analisa instituições, os cursos e o desempenho de estudantes, levando em consideração aspectos como ensino, pesquisa, extensão, responsabilidade social, gestão da instituição e corpo docente.
E o que o Serviço Social brasileiro tem a ver com isso?
Em primeiro lugar, os cursos de Serviço Social em todo o Brasil passarão por esta avaliação novamente esse ano, mesmo já tendo passado pelo exame em 2017.
Em segundo lugar, o Conjunto CFESS-CRESS, juntamente com a Abepss e a Enesso, já vêm debatendo há anos a formação com qualidade em Serviço Social, e integrando a luta por uma educação superior pública, presencial e de qualidade.
Mas o Enade é a melhor forma de avaliação das instituições, cursos e estudantes?
Na opinião da Executiva Nacional de Estudantes de Serviço Social (Enesso), não é esse modelo que dará conta de avaliar a qualidade dos cursos superiores, em especial, os de Serviço Social.
“O Sinaes/Enade reproduz a lógica mercantilista, individualista, competitiva e também culpabilizadora, pois a responsabilidade da avaliação recai de forma significativa nos/as estudantes, não possibilitando um real dimensionamento das dificuldades enfrentadas pelas instituições de ensino. Ademais, apresenta também o caráter punitivo, pois se o/a estudante não comparecer ou não justificar a ausência no dia da prova, dentro do prazo estabelecido, terá problemas na obtenção do certificado/diploma”, afirma a Executiva em nota.
Nesse sentido, a Enesso está convocando o corpo discente a se somar nas mobilizações contra a prova do Enade, que ocorrerão entre os dias 16 e 23, anterior à data de aplicação da prova. Diferentemente de anos anteriores, em que se pregou o boicote, a agenda da Executiva será marcada por debates para reafirmar o posicionamento crítico da Enesso acerca do tema dentro e fora das universidades, articulando com o Conjunto CFESS-CRESS, o Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (Andes-SN), entre outros.
Além disso, a Enesso fez a revisão e atualização da cartilha sobre o Sinaes/Enade, para dar suporte aos trabalhos de base nos centros e diretórios acadêmicos.
“Diferentemente da época do ‘Provão’, quando os boicotes eram classificados e divulgados como um boicote, agora o Ministério da Educação conseguiu invisibilizar nossa ação política, classificando-a como uma simples nota baixa em consequência de um ‘mau desempenho’. Portanto, ao invés de trazer mais investimento, o boicote tem trazido problemas individualizados nas/os estudantes e nas instituições de ensino superior cada vez mais precarizadas”, diz outro trecho do documento.
Na avaliação da coordenadora da Comissão de Formação Profissional do CFESS, Daniela Neves, o posicionamento dos/as estudantes é legítimo e vai ao encontro do que o Conjunto CFESS-CRESS defende por formação com qualidade. “As entidades representativas do Serviço Social que compõem o Fórum Nacional em defesa da Formação e do Trabalho em Serviço Social vêm se se posicionado de maneira crítica ao Sinaes/Enade, pois uma avaliação da qualidade do ensino deveria contemplar variáveis. É possível construir uma avaliação mais participativa, democrática e que considere a real condição das instituições de ensino e do desfinanciamento da educação pública”, explica.
Nesse sentido, as mobilizações contrárias a esse sistema de avaliação expressam a sintonia das entidades na luta por uma educação superior pública, gratuita e de qualidade.