Fazendo alusão ao mote da campanha do Dia do/a Assistente Social 2018, o Conselho Regional de Serviço Social do RN (Cress/RN) promoveu, na noite de sexta-feira (18), a conferência “O Serviço Social em defesa do trabalho profissional com qualidade e dos direitos da população”. O evento aconteceu no Espaço Cuxá, em Natal, e contou com a participação das professoras Silvana Mara e Regina Ávila.
Na mesa de abertura, estavam Patrícia Lima, vice-presidenta do Cress/RN; Daniela Neves, vice-presidenta do Conselho Federal de Serviço Social (CFESS); Larissa Moura, do Centro Acadêmico de Serviço Social da UFRN, e Larissa Pinheiro, da Associação Brasileira de Ensino e Pesquisa em Serviço Social (Abepss).
Larissa Moura mencionou, em sua fala inicial, que o dia 18 de maio é de luta também por relembrar o assassinato de Aracelli, há 45 anos, que motivou a criação da data (Combate à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes). E disse ainda que a classe trabalhadora tem a tarefa de “fazer dos dias um ato de resistência e guardar no coração a esperança em tempos melhores”. “Os Conselhos Federal e Regionais de Serviço Social não fogem da luta e muito me orgulham”, ressaltou.
Larissa Pinheiro afirmou que são grandes os desafios para a profissão que impactam diretamente na formação profissional, desde a base. “Vivemos tempos de ataques que vêm também a partir da mercantilização da Educação”, disse. “Temos aí a realidade dos cursos de extensão”, citou. Para ela, a conjuntura é de avanço do conservadorismo, mas “nós escolhemos a resistência e temos que propor alternativas coletivas e ocupar os espaços”.
A vice-presidenta do Cress/RN saudou os/as presentes agradecendo pela participação durante toda a semana de atividades em Natal. “Fizemos um esforço para também estender a programação ao interior, levando o importante debate da conjuntura atual”, destacou Patrícia. “A cada dia, a nossa profissão é mais desafiadora, e nós precisamos nos capacitar junto aos nossos”.
Para Daniela Neves, pensar o trabalho do/a assistente social é estar conectado/a àquilo que está no entorno, à conjuntura atual. “Somos 183 mil profissionais, e a nossa organização política precisa estar presente nas lutas, defendendo um projeto de profissão crítica com intervenção qualificada”. A vice-presidenta do CFESS lembrou, ainda, que o lugar de conselho não tirou do Conjunto CFESS-Cress o lugar de defesa de uma agenda política libertária e democrática, ao longo dos últimos 30 anos.
Serviço Social e resistência
A professora e pesquisadora Regina Ávila começou a sua fala afirmando: “Se tem uma coisa que o Serviço Social conhece bem é a resistência”. Para ela, os tempos estão mostrando o quanto é preciso se reconhecer na condição de trabalhador/a assalariado/a. “Temos uma característica que é uma tensão permanente e que acompanha o nosso exercício profissional: os interesses do Estado e a nossa atuação”, lembrou.
“O contexto atual exige que a gente pense a resistência de forma diferente do que vínhamos fazendo, para defender o projeto ético-político”, ressaltou. “Precisamos assumir uma postura classista, pensando quem são nossos aliados e que espaços precisamos assumir”. Para Regina, na atual conjuntura, lutar pelos direitos sociais é revolucionário. “O que estamos chamando de crise não nasceu para ser resolvida, alimenta o capitalismo e tem o fascismo como algo funcional ao processo”, observou.
Regina também criticou o golpe a Lula e ao PT e disse que a ação orquestrada vai além, sendo um golpe aos direitos da classe trabalhadora. Mesmo assim, também teceu críticas à política de conciliação de classes praticada pelos governos petistas. Por fim, exaltou a importância do Serviço Social para a sociedade brasileira. “Essa categoria tem acúmulo e trajetória histórica para ser tão importante ou mais quanto já fomos para construir as políticas sociais”.
Resistência ao modelo capitalista
A também professora e pesquisadora Silvana Mara iniciou sua fala na conferência dizendo não ter dúvida de que o Serviço Social brasileiro já enfrentou, por várias vezes, diversos contextos históricos desafiadores. “É necessário pensar que elementos agravam a vida cotidiana nesse momento atual”, destacou. “Estamos falando de uma sociedade que não tem como objetivo o atendimento às necessidades humanas nem a emancipação dos sujeitos, que está fundada no capitalismo, com foco no acúmulo de riquezas”.
Silvana falou sobre a criminalização dos movimentos sociais e citou o assassinato da vereadora Marielle, falando sobre a “quebra de um projeto civilizatório” causado pelo capital. Para ela, a resistência é ainda mais importante neste momento. “Nosso cotidiano passa a ideia de que não vale a pena lutar, mas é aí que a gente tem que aprofundar a organização política”, observou.
A professora citou dados crescentes sobre desemprego e analfabetismo no Brasil, mostrando o aumento da miséria e a diminuição dos índices educacionais. Além disso, falou sobre a concentração de terra e renda também em números. “Os dados recaem ainda mais fortemente sobre jovens, negros e mulheres”, destacou. “Precisamos nos articular na perspectiva da organização da classe trabalhadora, contra a mercantilização da vida e comprometidos com a dimensão da diversidade”, finalizou.