Assistentes sociais debatem instrumentalidade sob uma perspectiva crítica

Na terceira atividade da Semana do/a Assistente Social em Natal, na quarta-feira (16), o Conselho Regional de Serviço Social do RN (Cress/RN) debateu “Instrumentalidade e projeto ético-político do Serviço Social: alicerce da nossa resistência e atuação profissional”. A atividade foi conduzida pelas assistentes sociais Silvana Mara e Vani Fragosa e mediada pela conselheira Ana Carolina Honório, no Auditório do Núcleo de Práticas Jurídicas da Universidade Federal do RN (UFRN).

A assistente social e professora Silvana Mara começou a sua fala a partir da pergunta que, segundo ela, muitas vezes surge: na prática, a teoria é outra? Ela fez um panorama do Serviço Social ao longo das últimas décadas e ressaltou que desde o Congresso da Virada, no final da década de 1970, se vê uma construção mais crítica, que se expressa numa cultura profissional crítica, através da produção bibliográfica e de um forte engajamento político.

“Se a gente pensa o surgimento da profissão, em 1936, até o Congresso da Virada, em 1979, temos o Serviço Social tradicional e a questão social de forma moralizada”, lembra. “Toda a construção da cultura crítica da profissão foi se dando depois. Em 1982, o primeiro currículo; as reformulações do Código de Ética; a criação e fortalecimento da pós-graduação, com a pesquisa etc”, completou. Para Silvana, a instrumentalidade numa perspectiva crítica se dá justamente nesse período.

“Instrumentalidade não se limita à dimensão técnico-operativa, mas é o modo de pensar o papel do Estado, o papel do usuário, a sociedade”, disse Silvana, citando a autora Yolanda Guerra. “É uma dimensão muito atingida pelas condições objetivas e subjetivas que o capitalismo nos impõe”, analisou.

Silvana encerrou dizendo que o domínio dos instrumentos técnico-operativos é importante, mas o conteúdo é essencial. “Precisamos debater concepção de sociedade, de família, rever o que estamos reproduzindo sobre Estado e políticas sociais, fazer o debate crítico sobre drogas, falar sobre sexualidade e identidade de gênero”, alertou. “O estudo social, que é a porta de entrada da instrumentalidade, não pode ser superficial, mas nos levar a entender as demandas sob um contexto sócio-histórico”.

A assistente social Vani Fragosa, que atua na Saúde Municipal, relatou como, na sua prática, se dá a instrumentalidade. “Cotidiniamente tem sido muito difícil defender o nosso projeto ético-político e emancipar o usuário, porque a luta é árdua e muitas vezes solitária”, disse. “Para fazer com que minhas intervenções sejam respeitadas, preciso muitas vezes mostrar meu Código de Ética e as diretrizes do SUS”, relatou.

Para ela, a categoria parece estar aquém das discussões teóricas e políticas. “Uma atitude individual de enfrentamento não resolve determinadas questões que enfrentamos com os nossos empregadores”, criticou. “Querem que façamos meras atividades administrativas, mas nossa intervenção vai muito além”.

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