A definição do 8 de março como Dia Internacional da Mulher resulta da ação de mulheres que, ao longo da história, imprimiram a marca da resistência e da luta por liberdade.
Uma data que simboliza as conquistas e batalhas travadas contra as diversas formas de opressão e exploração que derivam do machismo – ideologia que, na sociedade capitalista, propicia aumento da exploração da força de trabalho feminina a partir da opressão de gênero.
É uma data para lembrar as bravas mulheres que ousaram erguer suas cabeças, contrariando costumes, regras e homens poderosos. Que com coragem e sacrifício, conquistaram direitos e espaços que são questionados e ameaçados constantemente.
Além disso, o 8 de Março é, sempre, um dia de trazer à superfície os temas que compõem a pauta do movimento de mulheres. Em 2018, temos muitos motivos para participar das atividades que serão realizadas em diversas cidades brasileiras. Queremos mencionar dois dos motivos que nos parecem inadiáveis.
O primeiro é o crescimento da violência doméstica, institucionalizada em distintas dimensões: física, psicológica, econômica, sexual e afetiva.
O segundo tem a ver com fortalecimento de setores conservadores e o aumento de suas influências, dentro do Estado pautando inúmeros retrocessos nas medidas de “contrarreforma” que incluem a legislação sobre os direitos reprodutivos e sexuais das mulheres. No Brasil, em meio a uma conjuntura desastrosa para a classe trabalhadora, a pauta das mulheres é parte da luta mais geral da população. Perpassa o debate das eleições, da economia, das condições de vida da população brasileira de forma geral.
O governo ilegítimo de Michel Temer, com sua política de austeridade, segue retirando direitos históricos e vitais para a classe trabalhadora brasileira, em especial para as trabalhadoras. As contrarreformas em curso, como a trabalhista, já aprovada, e a da previdência social atingem de forma ainda mais dura e imediata as mulheres. Esta a parcela da classe trabalhadora que ocupa os cargos mais baixos, com menores salários e piores condições de trabalho. Assim como é a parcela que sente mais profundamente os cortes orçamentários em políticas sociais públicas, como saúde, educação e Assistência Social. Essas e outras medidas econômicas refletem na vida de mulheres que assumem, em muitos casos sozinhas, a responsabilidade de manutenção e subsistência da família.
O serviço social brasileiro se aproxima e se identifica com as pautas do movimento de mulheres. Assistentes Sociais vivenciam expressões do machismo em suas casas e vidas e também lidam com outras vítimas do machismo em seu cotidiano profissional.
Na próxima quinta-feira, 8 de março, mulheres de diversos países estarão mobilizadas denunciando a violência contra mulher, a exploração e opressão de gênero. Nós, assistentes sociais, também estaremos nas ruas, espaço onde se forjou o que hoje é o serviço social brasileiro, a partir da ousadia de bravas mulheres que, em tempos desafiadores, como os que hoje vivenciamos, assumiram a defesa intransigente da democracia e da liberdade, tendo no horizonte a necessidade de construir uma sociedade verdadeiramente emancipada.
Nesse sentido, o CFESS se soma ao chamado para Greve Geral Internacional de Mulheres (o #8M), reafirmando nosso compromisso com a classe trabalhadora e os princípios ético-políticos que norteiam a profissão. Convidamos a categoria a participar dos atos em suas respectivas cidades!
Nas ruas e nas lutas por um mundo onde mulheres e homens sejam, “socialmente iguais, humanamente diferentes e totalmente livres” (Rosa Luxemburgo).
*Fonte: CFESS