Encontro Descentralizado é aberto com conferência e debate o papel do Serviço Social na conjuntura atual

O XXVI Encontro Descentralizado do Conjunto CFESS-Cress foi aberto oficialmente na tarde e noite desta sexta-feira (14), com a conferência “A voz resiste, a luta insiste: O Serviço Social em tempos de retrocessos e desmonte de direitos”. Estudantes, profissionais e delegados/as debateram, dentre outras questões, o papel da profissão na luta dos/as trabalhadores/as brasileiros/as no contexto atual.

Na mesa, estiveram o profº Antônio Carlos Mazzeo (Dr. em História Econômica e professor da Pós-graduação em Serviço Social da PUC-SP), Luana Soares (presidenta do Cress/RN), Daniela Neves (vice-presidenta do CFESS) e Viviane Moura (Executiva Nacional dos Estudantes de Serviço Social – Enesso), além da conselheira do CFESS Nazarela Silva, que fez uma saudação em nome do Conselho Federal.

Fotos: Sarah Thais

 

“Este é o primeiro Descentralizado 2017 do Conjunto, e estamos iniciando um grande e importante ciclo de debates, um momento de construção coletiva”, disse Nazarela. “Vamos juntos encontrar estratégias de enfrentamento aos desafios que se avolumam ainda mais nos últimos tempos. Precisamos resistir, não vamos nos entregar”, ressaltou.

A presidenta do Cress/RN, em sua fala, ressaltou o momento político delicado por que passa o Brasil. “A cada semana, novos fatos acontecem, e há algo interessante nisso: muitos deles coincidem com eventos do Serviço Social”, destacou Luana. “É um grande desafio sediar esse Descentralizado com apenas dois meses de gestão, e estamos felizes com tudo isso, com a presença dos Cress e da categoria”, agradeceu.

Panorama político brasileiro

O profº Antônio Carlos Mazzeo falou durante cerca de uma hora para a plateia sobre a história política brasileira e fez um panorama sobre a nossa democracia. Ele citou fatos do descobrimento e colonização brasileiros que nos levam à cultura política que temos hoje, falou sobre escravidão e mentalidade racista e também o surgimento do movimento operário.

O pesquisador mencionou o surgimento do Estado anti-democrático, que chamou também de “anti-popular”, “anti-povo” e “anti-tudo que coloca progresso na sociedade”. Falou, ainda, da grande Greve Geral de 1917, mudando a cara das greves no Brasil.

Para ele, não há uma democracia no Brasil, mas uma ditadura bonapartista, que legaliza a burguesia. Ele analisou também a atuação do Partido dos Trabalhadores na política do país e afirmou que “não consegue se estrutuurar como partido político revolucionário”, mas faz uma social-democracia. “A hegemonia do PT leva a acordos com a burguesia. O partido tinha potencial para ser revolucionário, mas é uma tentativa de humanizar o capital”, criticou.

Luta presente na agenda do CFESS

Daniela Neves afirmou, na mesa, que, mais do que nunca, é preciso bradar “Fora Temer” e “Fora todos os representantes da classe dominante”.

Para ela, o aspecto mais marcante da crise são as mudanças dramáticas na cultura, nos modos de pensamento, nas instituições, nos processos políticos, na tecnologia e nas subjetividades.

“A burguesia quer retomar o controle do Estado brasileiro. Os retrocessos sociais em curso não são novidade, porque não é de hoje que nós pagamos a conta pela crise, mas isso não significa que não são piores e não merecem resistência à altura do abismo”, ressaltou.

A vice-presidenta falou na destruição da Seguridade Social em curso, com a contrarreforma da Previdência, sobre o desmantelamento dos direitos trabalhistas e os processos de privatização da Saúde e precarização do Suas. “A PEC do Teto dos Gastos é um desastre total ao financiamento e funcionamento dos serviços púlicos”, alertou.

Daniela reiterou o papel do Conjunto CFESS-Cress nas lutas dos/as trabalhadores/as brasileiros/as e na organização política da própria categoria. “Somos, hoje, 180 mil assistentes sociais no país, temos um projeto de profissão crítico a defender e não podemos esquecer de realizar um trabalho que produza uma intervenção qualificada à população usuária dos serviços”, destacou.

Após as falas da mesa, os/as delegados/as, estudantes e profissionais de base presentes debateram algumas questões políticas e os desafios da categoria na conjuntura atual. A abertura do Descentralizado foi encerrada com um coffee-break.

Durante o evento, a multi-artista potiguar Civone Medeiros fez uma intervenção poética e falou de amor e lutas, de resistência política. Ela foi responsável pela arte das bolsas entregues aos/às participantes do Descentralizado e realizou uma exposição do seu trabalho no local.

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