CBAS termina em Olinda com debates, reflexões e maracatu

Fotos: Rafael Werkema/CFESS

 

O 15º Congresso Brasileiro de Assistentes Sociais (CBAS) já entrou para a história. Foi o que teve o maior número de inscrições (quase 3.500), transmissão ao vivo pela internet das conferências magnas e uma importante exposição sobre as violações de direitos na ditadura civil-militar. Isso tudo no ano em que se celebram os 80 anos do Serviço Social no Brasil.

O evento, que terminou na sexta-feira (9) em Olinda (PE), trouxe, na última conferência, as professoras Elaine Behring (Uerj) e Ivete Simionato (UFSC), para discutir sobre os “Projetos Societários em disputa no Brasil e as respostas do Serviço Social”.

A professora Ivete Simionato inicialmente alertou que, as políticas sociais, que alguns avanços tiveram nos últimos anos, correm risco com a conjuntura neoliberal e conservadora que se fortalece com o novo governo no Brasil. “O projeto que se instala exclui qualquer possibilidade de participação popular, é antidemocrático e tem uma agenda profundamente regressiva. Essas premissas vêm ganhando materialidade por meio de mais de 60 projetos de lei e de emenda à Constituição, que retiram direitos sociais e trabalhistas”, avaliou Simionato.

Ela também chamou atenção para um aspecto fundamental: o apoio da mídia ao governo ilegítimo. “Os grandes meios de comunicação, dominados pelos interesses políticos e ideológicos das elites econômicas, assumem o perfil de partido político intelectual orgânico da burguesia. Nesse sentido, apoia explicitamente a retirada de direitos de trabalhadores e trabalhadoras, os quais, por sua vez, se veem com cada vez mais dificuldade em  articular a construção de um projeto anticapitalista para o Brasil”, analisou a professora da UFSC.

Em seguida, a professora Elaine Behring, antes de iniciar a fala, destacou a exposição “Serviço Social, Memórias e Resistências contra a Ditadura”, que foi lançada durante o 15º CBAS (clique aqui para saber mais). “Registro a importância desse espaço, quando celebramos 80 anos de uma profissão de luta e resistência no Brasil”, parabenizou a professora.

Behring iniciou a intervenção, com uma pergunta: “o que história nos reserva para os próximos anos, após o Brasil ser usurpado pelas forças mais conservadoras, e ainda com apoio de segmentos do Judiciário?”. Na avaliação da professora, é urgente o fortalecimento da aliança do Serviço Social com amplos setores de lutadores sociais que compartilham da pauta de lutas da categoria, com base nos principais instrumentos orientadores da profissão: Código de Ética, Lei de Regulamentação e Diretrizes Curriculares da Abepss.

Ela também enfatizou o importante papel de assistentes sociais na luta pelos direitos da classe trabalhadora no Brasil, em especial na conjuntura adversa atual. “O exercício profissional se consolidou como interlocutor do campo da esquerda no Brasil. A categoria fez uma escolha ético-política pela defesa da democracia, pela ruptura com a mercantilização, com a alienação do trabalho, com o patriarcado, com a LGBTfobia e com o racismo. Apesar das grandes dificuldades que se colocam, a luta social é sempre arriscada, mas temos a certeza de estar do lado certo da história”, completou a professora da Uerj.

Como se utilizaram os recursos do CBAS

Como tradicionalmente é feito, fortalecendo a gestão democrática e transparente do Conselho Federal, o presidente do CFESS, Maurilio Matos, apresentou, após a conferência, a prestação de contas do evento.

Durante este momento, os/as participantes podem conhecer quanto o evento gerou de receitas, quais foram os patrocínios/apoios, como foram aplicados os recursos e o saldo do evento. Embora tenha cobrado o mesmo valor de inscrição das duas últimas edições, o congresso teve novamente saldo positivo, que é aplicado em um fundo para o próximo CBAS, em 2019.

Emoção marca encerramento

A mesa de encerramento contou com a despedida de representantes das quatro entidades do Serviço Social brasileiro. Pela Enesso, a estudante da UFRJ Angélica Paixão ressaltou a importância da troca de experiências, de pesquisas e estudos e da reafirmação da necessidade de inserção da categoria nas alianças com movimentos sociais.

A conselheira do Cress/PE Tanany Frederico afirmou que o CBAS possibilitou reflexões, debates importantes e necessários, por meio de diversas atividades, como as plenárias simultâneas, as apresentações de pôsteres, a participação no ato público. Segundo a conselheira, o 15º CBAS trouxe a renovação necessária para que assistentes sociais sigam na luta contra o avanço conservador.

Para a presidente da Abepss, Raquel Santana, o congresso cumpriu seus objetivos, promoveu debates sobre o trabalho profissional, sobre saúde, direitos humanos, sobre as atribuições e competências de assistentes sociais e muito mais. Segundo a docente, foi também momento de confraternização, de fortalecimento do posicionamento político do Serviço Social, no compromisso com a defesa da democracia e contra a barbárie.

Quem completou a mesa foi a conselheira do CFESS Josiane Soares, que explicou sobre o esforço coletivo para a construção do evento. “Por tudo que debatemos durante a semana, é evidente que a organização desse evento não foi simples. O valor das inscrições do CBAS é o mesmo há 3 edições, em que pese o reconhecido quadro de crise econômica e elevação de custos. Foi a nossa opção política, e vamos juntos avaliá-la. O que entendemos é que o 15º CBAS foi de grande êxito”, afirmou a conselheira.

Josiane Soares também noticiou a presença de assistentes sociais de Angola, Guiné-Bissau, Porto Rico, Espanha e Panamá, fortalecendo a articulação internacional que cresce no Conjunto CFESS-Cress. “Saímos daqui com a certeza da resistência nos quatro cantos do país. Estaremos juntos e juntas nesta luta em defesa dos legítimos direitos da população brasileira”, finalizou a conselheira, convidando o público para o show do grupo de maracatu “Nação Raízes de Pai Adão”, que encerrou o evento.

*Fonte: CFESS

Outras Notícias

Dúvidas frequentes

Principais perguntas e respostas sobre os nossos serviços