A defesa de uma política de Educação que tenha como referência um ensino superior público, estatal, presencial, laico e de qualidade sempre foi uma bandeira do Serviço Social brasileiro.
Há anos, assistentes sociais bradam que política social não é mercadoria; que a Educação deve estar a serviço da classe trabalhadora, contribuindo para ampliação da consciência política e crítica de toda a população, na perspectiva de construção de uma sociedade justa e igualitária. E ocupar a universidade pública com este pensamento crítico, em todas as possibilidades que ela oferece, contribui para o fortalecimento dessa luta.
Por isso, a eleição e posse da assistente social e professora Maria Valéria Costa Correia como reitora da Universidade Federal de Alagoas (Ufal) para os próximos quatro anos merece destaque no âmbito do Serviço Social brasileiro.
A cerimônia de posse ocorreu na quinta-feira (21), no Ministério da Educação. Valéria Correia é a primeira assistente social do Brasil eleita para ocupar o cargo de reitora em uma universidade pública. Professora de Serviço Social da Ufal, ela integra a Frente Nacional contra a Privatização da Saúde.
“A universidade pública é patrimônio de brasileiros e brasileiras. Ela pode contribuir para uma sociedade justa e democrática”, afirmou a assistente social durante a solenidade de posse.
Dividindo a mesa com representantes do MEC e, inclusive, com o ministro Aloízio Mercadante (PT/SP), Valéria Correia levantou preocupações e questões que representam hoje o posicionamento político do Serviço Social brasileiro.
A reitora questionou a política austera do Governo, que promove cortes significativos na Saúde e na Educação, criticou o veto da presidenta Dilma Rousseff à auditoria da dívida pública, que consome mais de 60% do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil, e alertou sobre os prejuízos causados pelas Organizações Sociais (OS) na administração de hospitais públicos, que afetam as condições de trabalho e a qualidade de atendimento ao público. “Isso traz um impacto negativo na universidade e, consequentemente, nas políticas públicas”, enfatizou.
Ao final, Valéria Correia afirmou que estará em constante diálogo com o MEC, ampliará as ações de interiorização da UFAL em Alagoas e que não medirá esforços para garantir uma universidade para todos e para todas. Além disso, a reitora reafirmou o compromisso de sua gestão com a ciência e com a cultura para desenvolvimento da região. “A Ufal deve contribuir para reverter os perversos índices sociais do estado de Alagoas. Uma outra Ufal é possível!”, finalizou a reitora, utilizando a frase usada durante sua campanha.
O ministro da Educação também fez uma fala evidenciando a ampliação do acesso ao ensino superior no Brasil nos últimos 12 anos, com destaque para ações afirmativas, que possibilitaram o acesso de pessoas de baixa renda e das populações negra e indígena à universidade. Mercadante disse também que a Ufal deve, para além do seu papel de promover o ensino público superior, contribuir com a educação básica da região, formando professores/as que até hoje não têm uma graduação. Isso, futuramente, acarretará no aumento do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) de Alagoas, considerado um dos piores do Brasil.
Para a conselheira do CFESS Valéria Omena, a eleição de Valéria Correia “representa uma conquista não só para comunidade universitária e do povo de Alagoas, mas para a luta por uma educação pública, gratuita, laica e de qualidade, que é bandeira da nossa profissão”, afirmou.
A conselheira ainda ressaltou que o Serviço Social será bem representado em outras frentes, como a defesa da assistência estudantil integral e a luta contra a privatização da Saúde.
O mandato da assistente social e professora de Serviço Social Valéria Correia será de quatro anos.
*Fonte: CFESS