Não há quem não tenha ouvido falar do assunto: um projeto de pesquisa de serviço social envolvendo três universidades públicas foi negado pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), ligada ao Ministério da Educação (MEC), por utilizar o marxismo como metodologia. Segundo o parecer da instituição, a contribuição do método à ciência brasileira “parece duvidosa”.
CFESS questiona Capes ter negado projeto de pesquisa fundamentado no marxismo
O projeto intitulado “Crise do Capital e Fundo Público: Implicações para o Trabalho, os Direitos e as Políticas Sociais” foi apresentado para um edital da Capes por um grupo que reúne professores e professoras, estudantes de graduação, mestrado e doutorado da Universidade de Brasília (UnB), da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) e da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN).
A recusa da Capes ao projeto, sob a alegação de insuficiência do referencial teórico-metodológico marxista, mobilizou inúmeras entidades e gerou grande repercussão nas redes sociais. O “patrulhamento ideológico” da Capes, maneira como várias pessoas estão abordando o caso, foi, inclusive, pauta para matéria do Jornal O Globo.
Nesse sentido, o CFESS, fundamentado no princípio ético da “garantia do pluralismo, através do respeito às correntes profissionais democráticas existentes e suas expressões teóricas, e compromisso com o constante aprimoramento intelectual”, elaborou um ofício para a Capes, no qual questiona a postura da entidade, ressalta a importância do Serviço Social no campo da pesquisa e produção do conhecimento e reitera a solicitação do grupo de pesquisa, responsável pelo projeto negado, por uma reunião com o presidente do órgão para esclarecimentos.
Entenda o caso
30 de maio: após receberem parecer da Capes, responsáveis pelo projeto “Crise do Capital e Fundo Público: Implicações para o Trabalho, os Direitos e as Políticas Sociais” postam no Sistema Integrado da Capes (Sicapes) o recurso contra o parecer de mérito, e que fundamentou a posição da CAPES, conforme Edital 071/2013;
2 de junho: responsáveis pelo projeto protocolam ofício e documento de 14 páginas detalhando argumentos do recurso, tendo em vista que no espaço virtual do Sicapes só é permitida uma argumentação de no máximo 5.000 caracteres;
2 de junho: o caso ganha repercussão nas redes sociais, a partir da mobilização das pessoas envolvidas;
5 de junho: responsáveis pelo projeto elaboram uma petição pública online intitulada “Carta Aberta à CAPES”, que conta hoje com mais de 7 mil assinaturas, além de grupos de pesquisa de todo o Brasil, associações científicas, entidades, blogs, revistas, programas de pós-graduação e unidades acadêmicas.
9 de junho: “Carta Aberta à Capes” é protocolada junto à entidade.
*Fonte: CFESS