Ato público é política, samba e poesia

Que os cantos e sonhos

repousados em Lindóia

irrompam, tal qual rebentam as águas 

que superem as travas (…)

Que confrontem as balas, silenciem fuzis

Que dê vida a “Amarildos” dos diversos Brasis

Onde uma amada, beijada N’outra amada feliz

Goze a força da luta sepultando imbecis!

Nademos, pois a corrente do livre

Sobre os “Belos Montes” de um cárcere

Que o trabalho ainda vive

A corrente arregace!

Social, um serviço de vida a batalha é cumprida…

Só até que ela passe, eis a luta de classe!

Essa rompe um sistema – capital e maldade

E por isso cantemos:

“Se não tem movimento não terá liberdade!”

(Atnágoras Lopes – CSP-Conlutas)
A poesia acima, escrita por um companheiro de luta do serviço social, dá uma ideia do que foi o Ato Público do 14º CBAS em Águas de Lindóia (SP). Um momento marcado por emoções, pelo fortalecimento da aliança do Serviço Social com os movimentos sociais e sindicais e, principalmente, por gritos coletivos em defesa da liberdade e da emancipação humana.
Águas de Lindóia, uma das estâncias hidrominerais de São Paulo, cidade turística e tranquila  com quase 18 mil habitantes, teve o sono interrompido com as palavras de ordem de milhares de assistentes sociais e estudantes, durante a mobilização que tomou as ruas centrais do município. “Estou na rua, é pra lutar, e a sociedade transformar!”,  gritava a manifestação às 21h, enquanto as pessoas abriam as janelas de suas casas e piscavam as luzes de suas casas e apartamentos, em apoio àquelas que estavam nas ruas.
Teve palavra de ordem pela livre orientação sexual, pela implementação das 30 horas, pela luta do movimento estudantil, e gritos contra a violação de direitos. Para muitos e muitas ali, era a primeira vez que participavam de um ato público! E faixas e cartazes coloriram a mobilização.
Após a caminhada, participantes voltaram ao auditório central do hotel para escutar as falas dos movimentos sociais e sindicais, além das entidades representativas. Ao final, ainda tiveram um show de cultura com a cantora Cida Lobo. Abaixo, um breve extrato do que foi falado no ato.
Além dos movimentos abaixo listados, também compareceram ao ato a Fenasps, o Movimento Passe Livre da Paraíba, a Frente Nacional Drogas e Direitos Humanos e a Associação dos Assistentes Sociais e Psicólogos do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo (AASPTJ).
“Nosso ato não se encerra aqui. Precisamos dar continuidade às mobilizações que tomaram as ruas com os movimentos sociais e parceiros de luta”. (Eloísa Gabriel, do CRESS-SP)
“A luta deve ser coletiva. Estamos aqui defendendo a liberdade de expressão. O Governo Dilma está privatizando o Brasil. Estão privatizando nossa riqueza”. (Atnágoras Lopes, da CSP-Conlutas)
“A classe trabalhadora é historicamente violentada. 57% dos desaparecidos no período da Ditadura Militar foram trabalhadores”. (San Romanelli, da Comissão Nacional da Verdade)
“A Frente Nacional contra a Privatização da Saúde não concorda com os rumos da política de saúde brasileira que está na contramão dos princípios da Reforma Sanitária”. (Maria Inês Bravo , da Frente Nacional contra Privatização da Saúde).
Montagem de imagem com fotos de Eloísa (CRESS-SP), Atnágoras (CSP-Conlutas), San Romanelli (Comissão da Verdade) e Inês Bravo (Frente)Eloísa (CRESS-SP), Atnágoras (CSP-Conlutas), San Romanelli (Comissão da Verdade) e Inês Bravo (Frente Saúde) (Foto: Diogo Adjuto)
“A categoria de assistentes sociais é de luta. Não devemos tirar nossos pés das ruas, porque se o fazemos, a direita acaba ocupa nossos espaços”. (Eduardo, da Central de Movimentos Populares)
“Nos estamos sofrendo com a precarização da formação, do trabalho, da vida. Estão exterminando nossos direitos e nossa gente. Estamos aqui pela nossa liberdade” (Mirla Cisne, da ABEPSS)
“Em 12 anos, os Governos Lula e Dilma demarcaram menos terras do que o Governo Collor. A população Guarani-Kaiowá é vítima de genocídio”. (Israel, do Movimento Indígena).
“Estamos aqui construindo a resistência. É o movimento da classe trabalhadora contra o leilão da vida. Reafirmamos nosso compromisso de avançar num projeto educacional para emancipação”. (Marina Barbosa, do ANDES-SN).
“Não podemos nos calar diante da violência sofrida pelas mulheres brasileiras. Mulheres que morrem vítimas de aborto, vítimas de agressões. Não há liberdade sem igualdade. Não há igualdade sem feminismo”. (Sônia, da Marcha Mundial das Mulheres)
“Nossa juventude negra está sendo exterminada. É fundamental o engajamento do serviço social na luta contra o racismo em nosso país. As mudanças só ocorrerão com um projeto coletivo”. (Junior, Círculo Palmarino – Movimento Negro)
“Lutamos pela terra, lutamos pela Reforma Agrária, lutar por uma sociedade justa e igualitária. Força e resistências às nossas ocupações e acampamentos”. (Simone, do Movimento de Trabalhadores e Trabalhadoras Sem Terra).
“O que nos une aqui é o projeto libertário. Chega de racismo, machismo, homofobia”. (Martha, Articulação de Mulheres Brasileiras)
“Eu sou de luta, sou radical, sou estudantes de Serviço Social! As jornadas de junho nos deram esperança e o movimento estudantil não sairá das ruas”. (Giovany Simon, da ENESSO)
“Esse ato é mais um momento histórico e especial para a categoria, porque mais uma vez reúne verdadeiros aliados de luta e afirma o acerto da campanha de gestão do Conjunto CFESS-CRESS – Sem Movimento não há Liberdade, campanha que expressa nosso compromisso com a defesa intransigente dos direitos humanos e a vinculação de nosso projeto profissional com um projeto de sociedade que supere a exploração e todas as formas de opressão” (Juliana Melim, conselheira do CFESS)
*Fonte: CFESS

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