“Vivi o terror e o arbítrio do Estado brasileiro aos 21 anos, no período da ditadura, que envolveu sequestro, prisão, tortura física e psicológica durante 40 dias”. Com essas palavras, a assistente social e professora da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) Marilda Iamamoto deu seu testemunho na sessão solene ‘Homenagem às mulheres que resistiram às várias violências no contexto da ditadura civil e militar’, realizada nesta segunda-feira (7) no plenário da Câmara dos Deputados, em Brasília (DF).
O CFESS compareceu à sessão, que foi presidida pela requerente, deputada Luizianne Lins (PT-CE), e foi representado pela assessora especial Adriane Tomazelli. Além de Iamamoto, outras importantes mulheres foram homenageadas por seu papel na luta contra as violações de direitos na ditadura, dentre as quais as também assistentes sociais Mariléa Porfírio, professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), e Rosângela Batistoni, professora da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).
A professora Rosângela Batistoni destacou a importância da atualidade da luta contra as várias violências que persistem na sociedade brasileira. “Violação de direitos, que teve continuidade e efeitos na política democrática, e que se atualizam sob novas bases, agora num contexto de crise do capital, que atravessa a totalidade do tecido social”, ressaltou ela.
Para a professora Mariléa Porfírio, a luta e resistência das mulheres foi e continua sendo fundamental na defesa dos direitos no Brasil. “Eu e as companheiras aqui presentes, Marilda e Rosângela, entramos na luta, fomos presas, condenadas e hoje estamos aqui. É um reflexo importante da nossa resistência enquanto mulheres, assim como a de outras lutadoras e também aquelas que ainda hoje permanecem anônimas”, afirmou a assistente social.
Serviço Social, Memórias e Resistências contra a Ditadura
O CFESS lançou recentemente o projeto “Serviço Social, memórias e resistências contra a Ditadura Militar”, que vai retirar do anonimato e coletar depoimentos de assistentes sociais que vivenciaram histórias de violações de direitos em função da ditadura.
Para o presidente do CFESS, Maurílio Matos, o projeto contribuirá para que não só a categoria e estudantes de Serviço Social, mas toda a sociedade conheça assistentes sociais que lutaram pela liberdade e democracia no país. “Nosso valores e princípios que orientam nosso Código de Ética são resultados desses movimentos emancipatórios”, completa.
Como participar
Se você é assistente social, vivenciou o período da Ditadura Militar (1964-1988) e sofreu violações de direitos em decorrência do momento político do país, veja como participar:
Passo 1
Clique aqui e faça o download do formulário de depoimento e denúncia do projeto “Serviço Social, memórias e resistências contra a Ditadura Militar”
Passo 2
Preencha-o respondendo, em até 6 laudas (15 mil caracteres), as seguintes questões:
Nome completo:
Universidade em que estudou:
Que tipo(s) de violência(s) sofreu?
Como aconteceu? Onde? Quando? (descreva o fato)
À época, participava de algum movimento ou partido de resistência? Qual?
Chegou a ser preso(a), exilado(a), demitido(a) ou perseguido(a)?
Se sim, sob qual alegação?
Cumpriu pena? Onde?
Você denunciou os fatos e violações ocorridas? Para quem?
Buscou a Justiça para ser reparado(a)?
Recebe alguma reparação do Estado? Espera receber?
Como as violações rebateram em seu cotidiano profissional?
Deixe uma mensagem para estudantes de serviço social e assistentes sociais que não vivenciaram o período da Ditadura, abordando a importância de se resgatar a memória da luta contra o Regime Militar.
Passo 3
Salve o arquivo e envie para o e-mail memoriaeresistencia@cfess.org.br
Passo 4
Se tiver interesse, envie também fotos e outros documentos que registrem o momento histórico que vivenciou.
*Fonte: CFESS