Conferência debate agravamento das condições de vida e trabalho e papel do Serviço Social

Fotos: Rafael Werkema/CFESS

 

Um tema atual e de fundamental discussão marcou o debate da noite de quarta-feira (7) no 15º Congresso Brasileiro de Assistentes Sociais (CBAS), em Olinda (PE). A mesa “Superexploração do trabalho, destruição dos direitos e a organização da classe trabalhadora” teve a contribuição do professor emérito da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) José Paulo Netto e do professor da Universidade Complutense de Madri (UCM) Xavier Arrizabalo Montoro.

Mais uma vez com auditório lotado e transmissão ao vivo pela internet, a atividade teve início com o convidado espanhol, que explanou sobre a crise e os limites históricos do capitalismo, bem como sobre as políticas de ajustes dos fundos monetários internacionais que impactam na Europa e na América Latina. “A causa direta de manifestações como a de hoje é fundamental para entendermos e fortalecermos a luta da classe trabalhadora em defesa de direitos. Do que se trata? A exploração do capital sobre os trabalhadores, que se agrava a partir da crise deflagrada em 2008”, afirmou Xavier Montoro.

Segundo o professor da UCM, o capitalismo pode ser resumido em duas linhas e uma conclusão. “O ponto de partida da lógica capitalista é a exploração da força de trabalho, na direção do maior lucro possível. O segundo refere-se à competência que se estabelece para o capital: a apropriação de toda a mais valia social. Conclusão: jamais será possível a conciliação de interesses da classe trabalhadora com os da classe dominante; o capitalismo civilizado nao é possível”, explicou Montoro. Ele destacou, por fim: “a luta continua, as violações de direitos humanos e sociais da ditadura continuam, renovadas em outras formas”.

Em seguida, o debate continuou com a intervenção do professor José Paulo Netto, que fez a primeira provocação ao público. “Estamos no curso de uma nova quadra da histórica política brasileira, e nada será como antes! Por isso, retomo a minha velha preocupação sobre o modo histórico como o Serviço Social se apropria e se insere nesta conjuntura de retrocessos e regressão de direitos”, afirmou o professor.

Segundo José Paulo Netto, é fato que as oito décadas de existência do Serviço Social no Brasil estão sendo comemoradas em 2016 e também no 15º CBAS. “Mas estou convencido de que o caráter celebrativo da data não deve obscurecer nossa consciência profissional. Há que se considerar que se vislumbra diante de nós um largo campo de desafios no horizonte profissional, elemento que particulariza este CBAS. O horizonte a que me refiro se adensa pela política econômica deflagrada em 2014, e que culminou com o golpe parlamentar de 2016. Um golpe amparado por instancias do judiciário e instancias policiais”, analisou o palestrante.

Crise atinge em cheio trabalhadores e trabalhadoras

No curto prazo, o que o professor afirma, é que a sociedade vivenciará um agravamento das condições de vida e trabalho da população urbana e rural e uma agudização da luta de classes. “Este congresso se realiza em um novo estágio, que será marcado por uma renovada ofensiva contra os direitos políticos e sociais consagrados na Constituição Federal de 1988. É possível afirmar que os resultados deste estágio serão imensamente gravosos para a massa da população e afetarão a formação e ação de assistentes sociais”, avaliou.

Durante a palestra, José Paulo Netto destacou que a garantia de direitos colide diretamente com a lógica do capitalismo contemporâneo. “Nesse momento, assistentes sociais precisam reconhecer a gravidade da conjuntura, partindo para a análise teórica e, a seguir, as estratégias para enfrentar a urgente travessia para um novo projeto societário”, finalizou o professor.

Plenárias abordam assuntos do cotidiano profissional

O dia 8 de setembro foi preenchido por discussões nas sessões temáticas que trouxeram assuntos como política social;  ética e direitos humanos; relações de exploração e opressão de gênero/raça/etnia; movimentos sociais; trabalho e democratização da comunicação, dentre outros.

O 15º CBAS terminou na sexta-feira (9), tendo, pela manhã, as últimas plenárias simultâneas, que debateram a política sobre drogas; as atribuições e competências profissionais; a organização política da categoria, além de outras importantes questões. Em seguida, a última conferência do congresso trouxe as professoras Elaine Behring e Ivete Simionato para a mesa “Projetos societários em disputa no Brasil e as respostas do Serviço Social”, encerrando o evento.

*Com informações do CFESS

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