A cada três anos, o mês de maio é ainda mais simbólico para a categoria. Junto às comemorações pelo Dia da/o Assistente Social, também são empossadas as novas gestões eleitas no CFESS e nos CRESS. Para fazer um balanço do último triênio, o CRESS Entrevista, nesta edição, Luana Soares, presidenta na gestão que se encerrou no último dia 15 de maio, “A voz resiste, a luta insiste”. A assistente social é mestranda em Serviço Social na UFRN e atua na política de Assistência Social no Município de Natal.
Luana falou sobre o fortalecimento político do Conselho através da Fiscalização e da Comunicação e o avanço em relação à arrecadação. Também contou sobre a experiência que a militância no CRESS-RN deixou. “Nesses três anos, tive a oportunidade de conhecer muitas profissionais incríveis que contribuem para a consolidação do Serviço Social através da atuação cotidiana, enfrentando todos os desafios sem abrir mão do que temos de mais valoroso, que é a história dessa profissão e tudo o que construímos junto com ela”.
Confira a entrevista:
CR: Em três anos, foi possível realizar tudo que o grupo idealizou? O que você destacaria?
LS: Nosso principal objetivo enquanto gestão era o fortalecimento político do CRESS através de uma atuação mais próxima à categoria, que refletisse na sua atuação o cotidiano, as demandas e os anseios das/os assistentes sociais do Rio Grande do Norte. Para isso, investimos na Fiscalização (aumentamos a média de visitas aos locais de trabalho), na Comunicação e nas atividades públicas do Conselho. Foram incontáveis seminários, rodas de conversa, lives, reuniões ampliadas das comissões etc.
Obviamente que ao longo dos três anos encontramos algumas limitações. Seria sofismo da minha parte dizer que fizemos tudo. O fortalecimento político do CRESS-RN e a continuidade de um Conselho crítico, combativo, que esteja em consonância com o que foi construído historicamente pelo Serviço Social brasileiro não são tarefas que se constroem em três anos. É um projeto permanente que se inicia inclusive antes da nossa gestão e deve seguir pelos próximos anos.
Além disso, considerávamos como fundamental as iniciativas que viessem a deixar o Conselho financeiramente mais seguro, tendo em vista o índice de inadimplência e a arrecadação abaixo das expectativas dos últimos anos. Essa foi uma das atividades de continuidade a partir da gestão anterior. As atividades pró-adimplência, expressas na campanha “Você também faz o CRESS-RN”, foram exitosas. Encerramos a nossa gestão com uma arrecadação acima do esperado. Chegar a esse resultado, mesmo diante dos tempos difíceis, de retrocesso ideológico e retirada de direitos da classe trabalhadora, que se evidenciam nos baixos salários e ausência de concursos públicos, é um marco importante para a categoria no RN, que passa a reconhecer cada vez mais a importância de “estar em dia com o CRESS” para um Conselho cada vez mais fortalecido que seja capaz de enfrentar essa realidade.
CR: Quais os principais desafios de se estar à frente do CRESS, um conselho com suas muitas demandas administrativas, mas também com forte atuação política?
LS: Combinar a atuação política com as inúmeras demandas administrativas e ainda responder aos anseios da nossa categoria diante do recorrente desmonte das políticas públicas, da desvalorização profissional e das diferenças territoriais no interior do estado.
Objetivamente, gostaríamos que a nossa intervenção se aproximasse cada vez mais do cotidiano da nossa categoria, traduzindo o Conjunto CFESS-CRESS como entidade norteadora do nosso exercício profissional. Para isso, sabíamos que precisaríamos alcançar dois objetivos enquanto gestão: o fortalecimento político do Conselho através da Fiscalização e da Comunicação e o avanço em relação a nossa arrecadação.
CR: O que vocês esperam da próxima gestão?
LS: Espero que possam dar continuidade às atividades que desenvolvemos nos últimos três anos, mas que também possam avançar em objetivos que não foram alcançados por nós, como, por exemplo, a interiorização do Conselho e a criação dos NUCRESS, núcleos expandidos pelo estado que visam a organização das/os profissionais. Embora tenhamos dado passos importantes nesse sentido, nossa atuação se limitou às visitas de Fiscalização, poucas diante da necessidade que se apresenta, e à realização de atividades em algumas cidades.
CR: Que experiências como presidenta, pessoalmente, você levará com você de forma mais marcante?
LS: Encerro a nossa gestão com um misto de sentimentos: por um lado muito cansaço, mas por outro uma enorme satisfação com os resultados que alcançamos. Nesses três anos, tive a oportunidade de conhecer muitas profissionais incríveis que contribuem para a consolidação do Serviço Social através da atuação cotidiana, enfrentando todos os desafios sem abrir mão do que temos de mais valoroso, que é a história dessa profissão e tudo o que construímos junto com ela. Acho que isso foi o mais importante: saber que não estamos sozinhas/os e que somos capazes de enfrentar tempos tão difíceis que impactam diretamente na nossa atuação. Mais do que nunca: eu sou porque nós somos.