O Conselho Regional de Serviço Social do RN (CRESS/RN) debateu, na tarde desta terça-feira (23), a democratização da comunicação, a Política de Comunicação do Conjunto CFESS-CRESS e a importância da assessoria de comunicação para o relacionamento do Conselho com a categoria.
O Seminário “Serviço Social e Comunicação: o poder da informação na atual conjuntura” aconteceu no Auditório 1 do Nepsa II, na UFRN, e contou com a presença do jornalista João Victor Leal, militante pela democratização da comunicação; Daniela Neves, vice-presidenta do CFESS e professora da UFRN, e Gabriela Olivar, jornalista do CRESS/RN.
A mesa foi coordenada pela assistente social Micaela Costa. Antes, a presidenta do CRESS/RN, Luana Soares, iniciou o evento falando da importância do tema. “Estamos felizes em promover o primeiro seminário sobre a Política de Comunicação do Conjunto CFESS-CRESS”, afirmou.
“A comunicação tem sido uma das prioridades da nossa gestão, sendo, neste momento, uma ferramenta em defesa da democracia”, acrescentou Luana. Para a conselheira, por meio da comunicação, é possível intervir na realidade, falar com usuárias/os e com a sociedade.
Comunicação como direito
Segundo a análise do jornalista João Victor Leal, o direito humano à comunicação é muito bombardeado pela perspectiva mercadológica. “Como indivíduos, precisamos nos comunicar e não temos tido acesso a todos os meios mais tradicionais de comunicação”, afirmou.
O jornalista falou sobre o Código Brasileiro de Telecomunicações, de 1962, mantida até hoje e “ainda mais desregulamentada” no governo Temer. “Ele retirou qualquer responsabilidade dos concessionários de respeitar critérios sociais e educativos dos canais de comunicação”. Além disso, lembrou que os artigos da Constituição de 1988 que tratam sobre comunicação nunca foram regulamentados.
“Temos concessões mantidas há décadas, propriedade cruzada e falta de regionalismo”, analisou. Ele também destacou o fato de que as principais empresas de comunicação pertencem a grupos políticos, mesmo à revelia da lei, e a forte destinação de verba pública às grandes empresas. “De 2000 a 2016, a Globo recebeu mais de R$ 10 bilhões de verba publicitária governamental”, disse.
João Victor observou que a regulamentação dos meios de comunicação não é censura. “Acontece em boa parte do mundo”, completou. “Temos cinco ou seis canais de televisão com uma mesma visão política e de sociedade, o que é danoso à democracia”, disse. “Conseguimos ter mais democracia na esquina de casa do que no Jornal Nacional. Em poucos lugares do mundo existe tanta concentração de audiência em um único canal”.
A Política do Conjunto
Daniela Neves afirmou que o debate da comunicação tem sido muito instigante no âmbito do Serviço Social. “Acreditamos em uma mediação estratégica que fortaleça usuários e trabalhadores, que são protagonistas da intervenção de assistentes sociais”, destacou a vice-presidenta.
Na terceira edição da Política Nacional de Comunicação, o CFESS também está na luta pela democratização. “A reflexão sobre essa relação vem sendo pautada e permanece como desafio, compreendendo a comunicação como área estratégica, com interface dinâmica na realidade”, disse Daniela. “A pauta e a urgência da democratização passam também pelo debate da socialização da riqueza, da cultura e da informação”.
Daniela destacou também que o Conjunto CFESS-CRESS tem buscado qualificar a intervenção política de assistentes sociais por meio da comunicação. “A comunicação com vistas à democratização torna-se sempre mais necessária e urgente, assim como o uso de uma linguagem não discriminatória”, continuou.
“A comunicação tem papel estratégico no fortalecimento dos usuários, na disputa da imagem social da profissão, na construção de um poder mais popular”, ressaltou a assistente social. “Não podemos arrefecer a luta e a crítica, esta é uma forma de fortalecer o nosso projeto ético-político”.
Comunicação no CRESS/RN
A jornalista Gabriela Olivar, servidora do CRESS/RN há oito anos, relatou a experiência na Assessoria de Comunicação do Conselho, a importância das redes sociais no relacionamento com a categoria e a sociedade e também como é, na prática, sintonizar o trabalho jornalístico institucional com a materialização da Política de Comunicação do Conjunto CFESS-CRESS.
“Penso que um dos principais papeis da Comunicação no Conjunto é fazer as pessoas entenderem o que é, de fato, Serviço Social”, ressaltou. “Ainda se fala muito de forma equivocada sobre a profissão, confundindo-a com assistencialismo, com tantas pessoas sem saber o que é Assistência Social, por exemplo”, disse.