Neste 8 de setembro, Dia Mundial da Alfabetização, resgatamos um dado histórico importante: o pioneirismo do Rio Grande do Norte na educação popular, na década de 1960. Baseado nos ideais de Paulo Freire, o estado é, até hoje, reconhecido mundialmente pela experiência 40 Horas de Angicos e a campanha De Pé no Chão Também se Aprende a Ler, em Natal.
Em 1963, um grupo de estudantes universitários realizou a experiência em Angicos, iniciando por um levantamento do universo vocabular dos moradores locais. O desafio foi, além de ensinar a ler e escrever, auxiliar na politização destes jovens e adultos da cidade em 40 horas.
Na época, o país e mais intensamente o Nordeste viviam um clima de mobilizações pelas reformas de base, que foi interrompido pelo Golpe Militar. Em Recife, Miguel Arraes implementou o Movimento de Cultura Popular (MCP); em Natal, o prefeito Djalma Maranhão criou a Campanha De Pé no Chão Também se Aprende a Ler; em João Pessoa, surgiu a Campanha de Educação Popular (CEPLAR) e a CNBB instituiu o Movimento de Educação Popular (MEB).
Em comum, estes movimentos tinham o método ousado de alfabetizar adultos de forma rápida e a baixo custo, utilizando-se dos conceitos da pessoa humana (sujeito da própria história), diálogo e cultura. Em Angicos, por exemplo, 300 alunos foram formados em menos de três meses, solenidade que contou com a emocionante participação de Paulo Freire, cujo centenário será em 2021.