Lançamento de livro marca encerramento do Projeto Serviço Social contra a Ditadura

Foi justamente o dia 7 de setembro, quando diversos movimentos sociais e sujeitos coletivos saem às ruas para darem seu Grito dos/as Excluídos/as, que o CFESS escolheu para encerrar o Projeto Serviço Social, Memórias e Resistências Contra a Ditadura.

Mesa de lançamento do livro com Vicente Faleiros, Maurílio Matos e Tânia Diniz (foto: Diogo Adjuto/CFESS)

 

A conclusão do Projeto, que ocorreu durante o 46º Encontro Nacional CFESS-CRESS, foi marcada pelo lançamento de um livro de depoimentos que reúne relatos, imagens e material audiovisual de assistentes sociais e sua luta contra a Ditadura Civil-Militar e histórias de violações de direitos humanos sofridas por estes sujeitos coletivos.

Para falar sobre o livro e o encerramento do Projeto, foi organizada uma mesa-redonda com o ex-presidente do CFESS, Maurílio Matos, e a ex-coordenadora da Comissão de Ética e Direitos Humanos (CEDH) e atual conselheira do CFESS, Tânia Diniz, que resgataram a história do Projeto, lançado oficialmente em 2013 e que perpassou três gestões do Conjunto CFESS-CRESS.

“Serviço Social, Memórias e Resistências contra a Ditadura expressa a materialização de uma deliberação do 41º Encontro Nacional do Conjunto CFESS-CRESS, realizado em 2012 em Palmas (TO), quando aprovamos a proposta de efetuar um levantamento nacional para coleta e organização de depoimentos de assistentes sociais que tivessem histórias particulares de violações de direitos em função da ditadura”, relembra Maurílio Matos, que esteve nas gestões Tempo de Luta e Resistência (2011-2014) e Tecendo na Luta a Manhã Desejada (2014-2017).

“Recordo-me da primeira reunião que tivemos, em 2013, com as colegas Rosalina Santa Cruz, Lucia Barroco e Bia Abramides, juntamente com a CEDH do CFESS, para pensarmos em estratégias para conhecermos os/as assistentes sociais ou estudantes de Serviço Social que vivenciaram e lutaram contra a Ditadura”, conta Maurílio.

Dessa reunião saiu o roteiro de como seriam coletados os depoimentos e, no mesmo ano, o Projeto foi oficialmente lançado. A partir daí, outras ações foram realizadas, como a organização de uma mesa-redonda no 43º Encontro Nacional, em Brasília (DF), em 2014, com assistentes sociais relatando suas histórias de luta e resistência contra a Ditadura, a exposição de painéis de extratos de depoimentos durante o 15º CBAS e 15º ENPESS (2016), os vídeos e, finalmente, o livro.

“Queremos agradecer aqui nominalmente às companheiras e companheiros Ana Maria Santos Rolemberg Côrtes, Ana Maria Ramos Estevão, Ana Maria Tereza Fróes Batalha, Candida Moreira Magalhães, Iza Guerra Labelle, Joaquina Barata Teixeira, José Paulo Netto, Maria Beatriz Costa Abramides, Maria Lúcia de Souza, Maria Rosângela Batistoni, Marilda Villela Iamamoto, Mariléia Venâncio Porfírio, Rosalina de Santa Cruz, Rute Gusmão Pereira de Azevedo e Vicente de Paula Faleiros, que nos mostraram que estas memórias não devem cair nas poeiras do esquecimento. Em tempos de ignorância política, aonde vemos repetição do autoritarismo e opressão, resgatar essa memória é fundamental para que as novas gerações de estudantes de Serviço Social e de assistentes sociais não permitam que este período tenebroso brasileiro se repita”, afirmou Tânia Diniz.

Vozes da resistência ecoam

A mesa contou também com a participação especial do assistente social e professor da UnB Vicente Faleiros, que tem um depoimento no livro e acompanhou o encerramento do Projeto.

“Foi muito significativo poder contribuir para este Projeto. São muitos relatos de sofrimento, dor, mas é preciso ressaltar que o Golpe de 1964 continua de outras formas. Em 2016 o Brasil foi vítima de outro tipo de Golpe, que tem se aprofundado com a destruição da proteção social, da destruição da Previdência Social, da Assistência Social e de outras políticas sociais”, afirmou Faleiros, que ainda ressaltou: “é preciso ressignificar a resistência, viva a resistência!”.

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