Na noite desta sexta-feira (14), o CRESS-RN encerrou, pelo Youtube, o I Fórum de Supervisão de Estágio, reafirmando a defesa da educação como direito, com reflexão crítica e de qualidade, e a importância do estágio presencial para a formação profissional de assistentes sociais.
A conselheira do CRESS-RN Livia Gomes mediou a mesa e recebeu as professoras Daniela Neves e Silvana Mara e a assistente social e também conselheira Ana Lígia Alcindo. “Foi um fórum construído pensando nesse momento atípico de pandemia e distanciamento, na formação nesta conjuntura, na precarização da educação e do trabalho”, afirmou, agradecendo a todas/os que participaram dos debates nestes três dias de atividades.
Primeira a fazer considerações, Daniela Neves fez um panorama sobre a educação superior no Brasil, ao longo dos últimos governos. Também ressaltou o contexto negacionista deste “momento triste de pendemia” e afirmou que “o projeto de universidade que está aí não pode ser pensado só nesta conjuntura de excepcionalidade, como tem sido tratado”.
“No ensino privado, é de grande interesse retomar o ensino remoto, porque há interesse empresarial, e no ensino público há um avanço do projeto de domínio privado no âmbito das condições tecnológicas”, analisou a docente. “A alternativa que nos colocam é o ensino remoto, mas qual o planejamento?”, questiona.
Daniela lembrou que o Serviço Social tem uma importante contribuição no debate da educação e de um projeto de formação, pelas dimensões coletivas da profissão e também pelas suas experiências. Embora acredite que o estágio remoto é possível em alguns casos específicos, ela destacou que “não há condições de um aprendizado no estágio em tempos de pandemia, na maioria dos casos”.
Segunda palestrante, Silvana Mara abordou três aspectos da instrumentalidade: a indissociabilidade entre as suas dimensões, a articulação entre a formação e o trabalho e o reconhecimento de que a direção defendida pelo Serviço Social não nega a dimensão singular de cada profissional. “A cultura crítica da nossa profissão pode contribuir para enfrentar este momento tão difícil”, disse.
Para Silvana, é preciso defender uma formação que leve assistentes sociais a entenderem a gravidade da questão social neste momento contemporâneo e defenderem a articulação política com outros sujeitos, como tem ocorrido na história do Serviço Social brasileiro. Ao defender a ciência, a professora lembrou que a profissão tem acúmulo para se colocar deste lado.
Por fim, Silvana lembrou que o medo e a insegurança ainda fazem parte do cotidiano pessoal de cada profissional. “Quando falamos de instrumentalidade, temos que pensar no processo capitalista que tem adoecido companheiras/os, fazendo-as/os perder a esperança”, afirmou. “Nossa subjetividade é subtraída de sentido; nossa vida não é o mais importante quando se trata do lucro, ideia exacerbada nesta conjuntura”.
Encerrando a plenária, a conselheira Ana Lígia Alcindo reforçou que o Fórum de Estágio era um evento muito esperado, em um momento oportuno para dar direcionamento crítico ao processo formativo em Serviço Social. “Precisamos entender a nossa instrumentalidade como uma capacidade que vamos adquirindo ao longo do dia a dia profissional”, destacou.
Sobre a pandemia, a assistente social lembrou que não é possível fazer um recorte como sendo uma guerra apenas no âmbito da saúde, mas uma luta mais macro-estrutural, no tocante às relações sociais estabelecidas. “Se pararmos para analisar os discursos de ódio do governo, vemos uma banalização das mortes, e não podemos deixar de fazer o enfrentamento”, afirmou.
“Nós, assistentes sociais, não podemos perder de vista que estamos em busca de novos valores sociais, pautados na justiça e na erradicação de qualquer forma de preconceito”, disse. “Diante de tudo isso, o estágio segue um posicionamento ético e político que vai de encontro à lógica remota, poque lutamos para efetivar as nossas diretrizes curriculares, o nosso projeto profissional, a Política Nacional de Estágio etc.”
Ana Lígia finalizou o Fórum reafirmando que o projeto de formação do Serviço Social entende a universidade como espaço revolucinário. “Eu concluo reforçando que nós devemos sim continuar lutando por condições de trabalho e pela viabilização dos direitos das/os usuárias/os e que somente com o caráter revolucionário da educação alcançaremos o que defendemos no Serviço Social”.