Uma decisão judicial pode extinguir toda uma comunidade indígena. É o que está prestes a acontecer com a população da etnia Guarani-Kaiowá que vive em Porto Cambira (MS). Uma determinação do Tribunal Regional Federal da 3ª Região está obrigando as famílias a se retirarem da área, ocupada pela comunidade desde 2002, para o capital agrícola tomar conta. Agora, homens, mulheres e crianças Guarani-Kaiowá ameaçam cometer suicídio coletivo, caso a decisão da justiça não seja revertida.
O pedido de socorro da comunidade Gurani-Kaiowá agora é para a sociedade e para o Congresso Nacional, já que a população indígena não acredita mais na justiça (Foto: Rafael Werkema)
Um desfecho trágico para uma história marcada pelas constantes violações de direitos humanos dos povos que, de acordo com o Conselho Indigenista Missionário (Cimi), viveram na região até a década de 1920, quando foram expulsos por fazendeiros. As famílias retornaram em 2000, em caravanas, e um acordo mediado pelo Ministério Público Federal (MPF) em 2002, em Dourados, destinou 40 hectares da fazenda para essa população indígena. Desse período para cá, a comunidade vem sofrendo ameaças e agressões dos fazendeiros e pistoleiros da região.